terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O BESTIÁRIO DA BESC (7)


BANHO DOS BÚFALOS


Na água viscosa, cheia de folhas,
com franjas róseas da madrugada,
entram meninos levando búfalos.

Búfalos negros, curvos e mansos,
- oh, movimentos seculares!-
odres de leite, sonho e silêncio.

Cheia de folhas, a água viscosa
brilha em seus flancos e no torcido
esculturado lírio dos chifres.

Sobem e descem pela água densa,
finos e esbeltos, por entre as flores,
estes meninos quasi inumanos,

com o ar de jovens guias de cegos
− oh, leves formas seculares −
tão desprendidos de peso e tempo!

O dia límpido, azul e verde
vai levantando seus muros claros
enquanto brincam na água viscosa

estes meninos, por entre as flores,
longe de tudo quanto há no mundo,
estes meninos como sem nome,

nesta divina pobreza antiga,
banhando os dóceis, imensos búfalos
− oh, madrugadas seculares!

Cecília Meireles, Poemas escritos na Índia


Poema escolhido pelos alunos do 11º A

domingo, 29 de janeiro de 2012

O BESTIÁRIO DA BESC (6)



O ROUXINOL


Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!...


Florbela Espanca, Livro de mágoas

Poema escolhido pelos alunos do 10º A

O BESTIÁRIO DA BESC (5)


OS CAVALOS



Que venerável campo que era o mundo!
Que venerável campo! E nós que lhe fizemos?
Nas escarpas
nos cômoros
nos vales
já não levantam ouro os cascos dos cavalos!

(Esses aí puxavam
a quadriga de Apolo.
Ficaram sem emprego: o Sol está parado.
Além, o Rocinante. O Pégaso, mais alto.
Limitam-se ao convívio
dos outros reformados:
os cavalos solenes dos enterros
os cavalos festivos das paradas
os cavalos heroicos das batalhas!)

Cavalos, ah! somente o vento vos cavalga!
E são bandos, são tantos e são tristes
sem cavaleiros, nem sequer fantasmas!
(Faltam, contudo, quatro.
De Quatro Cavaleiros que hão de vir.
A promessa é formal e serão quatro.
Quatro.
Quando virão
remir-nos e remir-vos?

E entanto que merecido insulto se preferissem
a seus corcéis de luz
quatro aviões a jacto!)

David Mourão-Ferreira, Os Quatro Cantos do Tempo



Poema escolhido pelos alunos do 11ºC




O BESTIÁRIO DA BESC (4)

O TIGRE



No tigre louvo a ciência
de não tocar violino
essa a violenta fragrância
da flor húmida do seu focinho.

O violino que é a metáfora
melodiosa do assassino
o som do afiar da lâmina
propriamente o raciocínio.

O risco de luz na selva
por isso do tigre exalto
que uma estrofe de sangue escreve
no jorro puro do salto.

Natália Correia, O solstício da besta


Poema escolhido pelos alunos de Literatura Portuguesa das Turmas C e D do 10º Ano

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Concurso Nacional de Leitura 2011-2012





















No dia 18 de janeiro procedeu-se à entrega dos certificados de participação na 1ª eliminatória do Concurso do Plano Nacional de Leitura. A cerimónia teve lugar na biblioteca da nossa escola e contou com a presença dos alunos envolvidos e das professoras de Língua Portuguesa responsáveis pela reallização desta iniciativa. A entrega dos certificados e prémios coube ao Prof. Carlos Pedro representante da direcção.
Classificações: Vanessa Duarte 11º C (1º lugar), Inês Costa 12ºB (2ª lugar), Catarina Viegas 10ºB (3º lugar) e Joana Veríssimo 10ºB (4ª lugar).
As alunas apuradas irão representar a nossa escola nas Finais Distritais que decorrerão entre Março e Abril de 2012.
A equipa da BE, professores e colegas desejam às alunas apuradas boa sorte e boas leituras para esta nova fase do Concurso Nacional de Leitura!