terça-feira, 27 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro - A palavra de África

Literatura africana em língua portuguesa pelas professoras Fernanda Afonso*  e Arlete Cruz** com leitura de poemas por professores e alunos. Uma organização da Cooperativa Cultural Popular Barreirense com o apoio da Escola Secundária de Casquilhos.
Auditório, 27 de Abril, 15 h

* Prof. aposentada da E. S. Casquilhos, Doutora em Literaturas Africanas, foi leitora do Instituto Camões, durante doze anos, nas Universidades de Toulouse, Bruxelas, Gand e Lovaina, onde ensinou Literatura e Cultura Lusófonas, tendo promovido a criação de cursos de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, participado em palestras e publicado artigos em revistas portuguesas, francesas e belgas.
** Directora da E. S. Santo André, Mestre em Estudos Africanos.





 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cartaz: Prof. Miguel Brinca
Ideia para o bolo: Prof. Fernanda Martins

Festa da Francofonia - Lanche francês - Retratos

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Festa da Francofonia - Ciclo de Cinema Francês

Affiche Cinema 2010

Festa da Francofonia


 Festa da Francofonia/Fête de la Francophonie


De 26 de Abril a 06 de Maio decorre na nossa escola a Festa da Francofonia. Esta iniciativa tem como principais objectivos promover a língua, a literatura, o cinema e a gastronomia francesas. Para tal vão ser levadas a cabo várias actividades, entre as quais um ciclo de cinema francês que conta com a projecção de quatro filmes diferentes; a distribuição de crepes no bar; um lanche francês para professores; uma sessão no auditório sobre o existencialismo francês e, também neste espaço, uma apresentação dos trabalhos dos alunos sobre a francofonia. Esta iniciativa tem como principais objectivos promover a língua, a literatura, o cinema, a música e a gastronomia francesas.







Cartaz: Prof. Fernanda Martins

domingo, 25 de abril de 2010

25 de ABRIL

25 de ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, 24 de abril de 2010

Alice no País das Maravilhas no iPad

Alice no País das Maravilhas - versão manuscrita

This manuscript - one of the British Library's best - loved treasures - is the original version of Alice's Adventures in Wonderland, by Lewis Carroll, the pen-name of Charles Dodgson, an Oxford mathematician.
Dodgson was fond of children and became friends with Lorina, Alice and Edith Liddell, the young daughters of the Dean of his college, Christ Church. One summer's day in 1862 he entertained them on a boat trip with a story of Alice's adventures in a magical world entered through a rabbit-hole. The ten-year-old Alice was so entranced that she begged him to write it down for her. It took him some time to write out the tale - in a tiny, neat hand - and complete the 37 illustrations. Alice finally received the 90-page book, dedicated to 'a dear child, in memory of a summer day', in November 1864.
Urged by friends to publish the story, Dodgson re-wrote and enlarged it, removing some of the private family references and adding two new chapters. The published version was illustrated by the artist John Tenniel.
Many years later, Alice was forced to sell her precious manuscript at auction. It was bought by an American collector, but returned to England in 1948 when a group of American benefactors presented it to the British Library in appreciation of the British people's role in the Second World War.

Versão completa: aqui

sexta-feira, 23 de abril de 2010

DIA MUNDIAL DO LIVRO (3)

No Dia Mundial do Livro, o grupo de Paulo Teixeira Pinto inaugura uma nova livraria, a Babel São Sebastião, em Lisboa. Entre o tradicional e o high-tech.

A Babel São Sebastião é uma livraria do presente mas também uma livraria do futuro. Paulo Teixeira Pinto, o presidente do grupo editorial Babel, andava hoje de manhã entusiasmado entre o espaço mais tradicional desta livraria que é inaugurada, às 18h, na Avenida António Augusto Aguiar, 148, em Lisboa, e o seu espaço “high-tech”, o cubo e-Babel, onde se pode aceder a conteúdos em suporte digital e multimédia. “É um novo conceito de livraria”, explica Paulo Teixeira Pinto.
A livraria terá um espaço dedicado às crianças – “os leitores do futuro” -, um espaço mais tradicional com livros impressos, um espaço de restauração “gourmet” em colaboração com o chefe Vitor Sobral (com menus entre os sete e oito euros) e uma esplanada. No cubo e-Babel terá ainda à venda a partir de Junho, o E-60 eBook reader, o leitor de livros electrónicos da Samsung.
Cadeiras de Philippe Starck convivem na livraria com estantes que utilizam materiais de construção em estado bruto, como cabos e tábuas de cofragem. Candeeiros de oficina misturam-se com espelho de talha dourada na casa-de-banho e cortinas vermelhas que tapam parte das gigantescas janelas que têm vista para a Fundação Calouste Gulbenkian.
Ao final da manhã já era possível tocar com a ponta dos dedos nos ecrãs tácteis disponibilizados dentro do cubo e-Babel e, por exemplo, folhear o eBook de um dos “best-sellers” da editora, “A Lua de Joana” de Maria Teresa Maia Gonzalez. A partir da próxima quinta-feira, dia em que a livraria Babel Sebastião abrirá ao público (das 8h às 20h, fecha aos domingos), será já possível não só visualizar centenas de obras mas também comprá-las e descarregá-las para telemóveis, computadores portáteis, leitores de livros electrónicos, canetas USB em formato digital (PDF ePub).
Na Babel São Sebastião, os leitores além de poderem comprar livros impressos editados pelo grupo e por outras casas editoriais, podem descarregar livros não convencionais – ebooks e também “trailers” de livros ou entrevistas áudio ou em vídeo com os autores.
“O conceito é nosso, mas foi a empresa Mobbit que deu corpo à nossa ideia”, explica Nuno Barros, administrador executivo do grupo Babel. O mentor da ideia foi Paulo Caius, que pertence ao conselho editorial do grupo, e é CEO da Roland. Será um dos oradores da sessão de lançamento de hoje (falará sobre o futuro do livro) juntamente com João Lobo Antunes, presidente do conselho editorial, e Paulo Teixeira Pinto.
Querem que várias livrarias espalhadas pelo país possam ter também nos seus espaços cubos e-Babel, para assim se criar uma rede que permitirá que um lançamento que se realize em Lisboa, possa ser visto em directo, através de webcast, em todos os outros cubos e-Babel e vice-versa.
Além da parceria com a Samsung, o grupo Babel (que tem a editora Guimarães e as chancelas Ática, Athena e Centauros; a editora Verbo, a Ulisseia; a Arcádia, a K4 e a Pi) fez também uma parceria com a Ongoing. Em comunicado enviado por este grupo às redacções, é explicado que é uma “parceria estratégica com o objectivo de desenvolver projectos multiplataforma para o mercado global da língua portuguesa”.
Esta noite, para comemorar o Dia Nacional do Livro, será lançada no Lux, às 22h, a obra “Babel sobre Babel” com textos de vinte dos membros do conselho editorial, “uma reflexão livre e sem critério editorial sob o mote Babel”, explicou Dalila Rodrigues, a coordenadora das edições de arte.

DIA MUNDIAL DO LIVRO (2)


AS ÁRVORES E OS LIVROS

As árvores e os livros
As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

Jorge Sousa Braga, Herbário (2002)

DIA MUNDIAL DO LIVRO - O BIBLIOBURRO

quinta-feira, 22 de abril de 2010

DIA DA TERRA (2)

Raízes


Quem me dera ter raízes,
que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar
um passo que fosse em vão.



Que me deixassem crescer
silencioso e erecto,
como um pinheiro de riga,
uma faia ou um abeto.


Quem me dera ter raízes,
raízes em vez de pés.
Como o lodão, o aloendro,
o ácer e o aloés.


Sentir a copa vergar,
quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado,
pelas raízes, ao chão.


Jorge Sousa Braga

DIA DA TERRA


        A Sunday Afternoon on the Island of  La Grande Jatte - 1884

                  Georges-Pierre Seurat         
                 Art Institute of Chicago



Explanation: Welcome to Planet Earth, the third planet from a star named the Sun. The Earth is shaped like a sphere and composed mostly of rock. Over 70 percent of the Earth's surface is water. The planet has a relatively thin atmosphere composed mostly of nitrogen and oxygen. Earth has a single large Moon that is about 1/4 of its diameter and, from the planet's surface, is seen to have almost exactly the same angular size as the Sun. With its abundance of liquid water, Earth supports a large variety of life forms, including potentially intelligent species such as dolphins and humans. Please enjoy your stay on Planet Earth.

Fonte: Astronomy picture of the day

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A MATEMÁTICA E OS SEUS ENCANTOS - A beleza matemática das conchas marinhas

A Beleza Matemática das Conchas Marinhas


Jorge Picado


21 Abril 2010
18h00

Há uma grande beleza nas pistas que a natureza nos oferece e todos nós a podemos reconhecer sem nenhum treino matemático. Podemos ser tentados a pensar que o crescimento das plantas e animais, por causa das suas formas elaboradas, é governado por regras muito complexas. Surpreendentemente, isso nem sempre é verdade, como as conchas e os búzios exemplificam: o seu crescimento pode ser descrito por leis matemáticas admiravelmente simples. Esta ideia de que a matemática se encontra profundamente implicada nas formas naturais remonta aos gregos antigos. Citando o matemático inglês I. Stewart, «a matemática está para a natureza como Sherlock Holmes está para os indícios». Todos nós já reparámos que a concha de qualquer molusco pequeno é idêntica à concha de um molusco grande da mesma espécie, com excepção do tamanho. Uma é um modelo exacto, à escala, da outra. As conchas, com a sua forma auto-semelhante, podem ser representadas por superfícies tridimensionais, geradas por uma fórmula relativamente simples, requerendo somente matemática elementar. Maravilhosamente, apesar da simplicidade dessa equação, é possível descrever e gerar uma grande variedade de tipos diferentes de conchas. Quais? Todos nós (com muito poucas excepções!), como veremos nesta palestra.


Jorge Picado

4ª EDICÃO DO DIA DAS ARTES


Autora do cartaz: Rute Pascoal, 12º D

Centenário da morte de Mark Twain (1835-1910)

Quem não lembra As Aventuras de Huckleberry Finn ou Tom Sawyer?
Quem não se cruzou já com um dos muitos pensamentos deste autor que marcou uma geração de escritores norte-americanos?
Mark Twain, pseudónimo de Samuel Langhorne Clemens, nasceu a 30 de Novembro de 1835 e faleceu a 21 de Abril de 1910. O rio Mississipi marcou a sua vida desde a infância, tendo também dado origem ao pseudónimo adoptado, que significa "duas marcas", uma expressão utilizada pelos barqueiros para verificar a profundidade dos rios. A sua vida não foi fácil, tendo começado a trabalhar aos 12 anos, após a morte do pai. A paixão pelas viagens levou-o a conhecer, não só muitos dos estados do seu país, mas também a Europa e o Médio Oriente, aspecto que se reflecte no conhecimento transmitido na sua obra acerca da sociedade americana do seu tempo e da humanidade em geral, utilizando com frequência um sentido de humor que o eleva à categoria de grande humorista da literatura mundial. Muitos dos seus pensamentos preservam uma actualidade inegável, como pode constatar-se no exemplo seguinte:

"Every time you stop a school, you will have to build a jail. What you gain at one end you lose at the other. It's like feeding a dog on his own tail. It won't fatten the dog."

Para rever um excerto de Huckleberry Finn:

terça-feira, 20 de abril de 2010

PERGUNTAS À LÍNGUA PORTUGUESA - MIA COUTO

Venho brincar aqui no Português, a língua.

Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.
A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o voo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem é idimensões?
Assim, embarco nesse gozo de ver como escrita e o mundo mutuamente se desobedecem. Meu anjo-da-guarda, felizmente, nunca me guardou.
Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia.
Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos de técnica.
Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé? Questões que dariam para muita conferência, papelosas comunicações.
Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulbúrbio.
No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão.
Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.
Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas?
Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:

• Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?

• No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?

• A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?
• O mato desconhecido é que é o anonimato?

• O pequeno viaduto é um abreviaduto?

• Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente.

• Quem vive numa encruzilhada é um encruzilhéu?

• Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?

• Tristeza do boi vem de ele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?

• O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?

• Onde se esgotou a água se deve dizer: "aquabou"?

• Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?

• Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?

• Mulher desdentada pode usar fio dental?

• A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?

• As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: "finanças"?

• Um tufão pequeno: um tufinho?

• O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?

• Em águas doces alguém se pode salpicar?

• Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?

• Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?

• Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?

• Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?

Brincadeiras, brincriações.

E é coisa que não se termina.

Lembro a camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocámos essoutro português - o nosso português - na travessia dos matos, fizemos com que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.

Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido desbotadas - o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança.

É urgente recuperar brilhos antigos.

Devolver a estrela ao planeta dormente.

Mia Couto
Fonte: http://www.dsignos.com.br/curiosidades/DS_Texto_Perguntas%20a%20LP_MiaCouto.pdf

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Colóquio Mia Couto - Antuérpia - Março de 2010

 É já uma tradição do Departamento de Português do Instituto Superior de Tradutores e Intérpretes organizar colóquios internacionais e jornadas de investigação em torno de escritores do espaço lusófono.

No âmbito desses eventos vieram a Antuérpia José Eduardo Agualusa, Ana Paula Tavares, João de Melo, Luísa Costa Gomes, José Saramago e, desde a criação do Centro de Língua do Instituto Camões em Antuérpia em 2005, Lídia Jorge, Isabel da Nobrega, Teolinda Gersão, Hélia Correia, Jaime Rocha, Teresa Salema e Rui Mário Gonçalves.

Estes eventos foram realizados com o intuito não só de divulgar a literatura e a cultura portuguesas na Bélgica, mas também de contribuir para a reflexão em torno dos domínios da criação literária contemporânea.

Em Março de 2010 coube a vez a Mia Couto, num encontro que reuniu, para além do autor, especialistas da sua obra e alguns dos seus tradutores.

Foram concebidas duas áreas de trabalho, uma de análise e reflexão da obra do autor moçambicano e outra de abordagem dos problemas específicos que se colocam na tradução da língua de Mia Couto.

Comissão organizadora


Dr. José Nobre da Silveira

Dr. Frédéric Wille

Professora Doutora Anne Quataert

Comissão científica

Professora Doutora Christiane Stallaert (Artesis dep. VT)

Professor Doutor Alberto Carvalho (Univ. de Lisboa)

Professor Doutor David Brookshaw (Univ. de Bristol)

Doutora Fernanda Afonso (CRIMIC - Univ. Sorbonne Paris IV)

Doutor Arie Pos ( ICL – Univ. do Porto)


Fonte: http://www.coloquiomiacouto.be/

O iPad

domingo, 18 de abril de 2010

O FUTURO DO LIVRO E DAS BIBLIOTECAS

O FUTURO DOS LIVROS E DAS BIBLIOTECAS

Intervenção de Carlos Fiolhais no Colóquio sobre Gestão Editorial organizado pela Imprensa da Universidade de Coimbra na sua sede.

A Internet mudou as nossas vidas. Mudou, por exemplo, os livros e as bibliotecas. Mas ainda não é muito claro, porém, o modo como vão evoluir o livro e as bibliotecas com a revolução digital em curso. Certo é que estão a evoluir e que irão evoluir mais.
Os livros mantiveram-se em papel (publicam-se aliás cada vez mais, em Portugal é um em cada meia hora!), mas apareceram também em versões digitais, ebooks – de alguns livros há só mesmo em versões digitais –, que, em vários formatos, podem ser lidas por vários dispositivos dos quais ainda não existe um standard (há o Kindle, por exemplo, que já se vê muito nos Estados Unidos, e há recentemente o Ipad, que elimina o teclado e rato, mas cujo futuro se desconhece). A vantagem dos livros digitais é óbvia: a de evitar o "insustentável peso" do papel (as árvores e o clima agradecem!), a possibilidade de encontrar rapidamente uma passagem que se quer, etc. Os meus alunos, por exemplo, já estudam por pdfs que guardam nos seus portáteis ou netbooks, qualquer dia será nos seus telemóveis. Os inconvenientes do digital, para além da dificuldade, permitida pela cópia rápida e barata, de reconhecer e recompensar devidamente os autores e editores, são também óbvios: um livro é um objecto material com um design tão perfeito para cumprir a função que desempenha, que, na minha opinião, nunca será inteiramente substituído. Também a roda, uma vez inventada, nunca mais veio a ser substituída. O livro cabe na mão, acompanha-nos a qualquer lado, funciona de modo low-tech (nunca avaria!). É um bom presente para se dar a alguém, isto é, passa bem de uma mão a outra. Por alguma razão não houve ainda nos livros a revolução que houve na música, com o quase desaparecimento das lojas de discos em favor das descargas digitais. Estou convencido de que, no futuro, haverá a coexistência de livros em papel e livros digitais, com algum natural crescimento destes últimos nos próximos tempos. Soluções como a “Classica Digitalia”, publicada pelo Centro de Estudos Clássicos de Coimbra com o apoio da Imprensa da Universidade, em que os livros aparecem simultaneamente on-line em papel são augúrios do futuro. O print on-demand, permitido por máquinas como a Expresso Book Machine e outras, será uma realidade, pois não há tecnicamente nenhuma razão para não fornecer qualquer livro, mesmo esgotado ou mesmo nunca antes publicado em papel, a alguém que o queira e que esteja disposto a pagar os custos da respectiva materialização e outros. Passar do digital ao analógico em papel será conveniente, será mesmo necessário nalguns casos. Mas uma certa confusão entre suporte magnético e suporte em papel poderá vir a existir: cientistas como a portuguesa Elvira Fortunato querem - e conseguem - fazer transístores no papel. Se a ideia vingar, os ecrãs poderão ser tão flexíveis como o papel, apesar de terem uma imagem tão renovável como os ecrãs de cristais líquidos. "O futuro do livro é bom", como disse o escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo, que acrescentou logo a seguir "pois sempre vai existir o livro, ainda que noutra forma". O mais fantástico será se o livro existir de outra forma na mesma forma!


E qual será o futuro das bibliotecas, que foram desde tempos imemoriais os sítios onde se depositaram os livros para ficarem à disposição de todos? Nunca é de mais elogiar o papel das bibliotecas. Saiu nas notícias recentemente que Keith Richard, o guitarrista dos Rolling Stones, sempre quis ser bibliotecário. O segredo é revelado na sua autobiografia, Life, a sair em Outubro. Nela Richards revela que, como uma criança e jovem nos anos 50 em Londres, encontrou refúgio nos livros e nas bibliotecas antes de descobrir a música. Declarou: “Quando somos jovens, há duas instituições que nos afectam fortemente: a igreja, que pertence a Deus, e a biblioteca, que te pertence.”

As bibliotecas começaram por ter catálogos electrónicos, para passarem a ter livros electrónicos (digitalizando livros antigos ou modernos, como faz o Google, ou arquivando livros electrónicos de raiz, como acontece com os repositórios digitais de teses e de outros trabalhos científicos). A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) e a Imprensa da Universidade de Coimbra têm acordos com o Google para digitalização das suas edições próprias, e a Universidade de Coimbra, através do seu Serviço Integrado de Bibliotecas (SIBUC), disponibiliza urbi et orbi o “Estudo Geral”, repositório de obras modernas, com cerca de 8000 itens, e a “Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra”, repositório de obras antigas, com cerca de 5000 itens. De certo modo a rede mundial de computadores que temos hoje é já uma gigantesca biblioteca, que inclui numerosas bibliotecas virtuais e tudo o resto que a que também, com alguma boa vontade, se poderá chamar biblioteca. As bibliotecas modernas são híbridas - espaços inspiradores guardando e mostrando livros tradicionais em papel que importa preservar e, ao mesmo tempo, sítios no ciberespaço, permanentemente acessíveis, com e sem fios (por exemplo, com smartphones). A Biblioteca Joanina não perde o seu poder encantatório por parte dos seus livros (infelizmente ainda pequena) estarem na Net. O movimento imparável é no sentido de digitalizar tudo o que não foi criado em forma digital. Existem os meios técnicos para isso e Portugal está muito atrasado neste domínio (porque não está todo o Eça de Queiroz acessível digitalmente?), pelo que terá rapidamente de recuperar esse atraso, por meio de um grande esforço nacional e transnacional: por que não envidar esforços sérios com o Brasil e outros países de língua portuguesa para aumentar a presença da nossa língua na Net? Estou, neste domínio, optimista: aquilo que se pode fazer vai ser feito, até porque neste caso há muito para fazer e é bom que se faça...
As vantagens das bibliotecas digitais são óbvias, desde logo a concentração no espaço e a rapidez de acesso. Os físicos e os engenheiros resolverão os problemas técnicos dos suportes magnéticos de longa duração, transferindo a informação em bits dos suportes que se vão tornando obsoletos e resolverão também os problemas da comunicação que só não é instantânea porque há o limite da velocidade da luz. A nanotecnologia virá ajudar, com a criação de dispositivos minúsculos que armazenem informação gigantesca - talvez numa folha de papel possa caber toda a Biblioteca Joanina. Lembro que a ideia de nanotecnologia foi lançada em 1959 pelo físico norte-americano Richard Feynman (“Há muito espaço lá em baixo”) que pretendia nada mais nada menos do que colocar os 24 volumes da Enciclopédia Britânica na cabeça de um alfinete e verificou, fazendo as contas, que era possível colocar todos os livros do mundo num minúsculo grão de poeira. Parafraseando William Blake: “all the books in a grain of dust”.
Claro que uma coisa é a existência digital na Internet e outra o respectivo acesso: estar na Internet não significa que seja grátis e estou convencido que terá de haver cada vez mais pagamento de custos de acesso ao digital que não seja simplesmente a favor da operadora telefónica: também pagamos a electricidade não só a quem a transporta mas também e principalmente a quem a produz. Sei bem que esta questão do copyright é polémica – é conhecida a oposição aos projectos do Google de alguns editores e autores, mas estou em crer que é necessário encontrar um novo equilíbrio entre o necessário reconhecimento da criatividade e o direito da comunidade ao acesso ao património. Um editorial recente do The Economist, por ocasião dos 300 anos da lei do copyright britânica, vai precisamente nesse sentido, lembrando que os prazos de reivindicação de direitos eram na época muito menores do que hoje. Mas não é fácil concretizar um esquema justo de pagamento, sem ao mesmo tempo permitir a liberalização da cópia, que a tecnologia tornou demasiado fácil.
Com o cut and paste indiscriminado feito a partir da Internet, ao qual dificilmente será posto cobro (a escola portuguesa não só não o enfrenta como até o incentiva!), o papel das bibliotecas terá de ser sempre o da salvaguarda das obras e dos autores originais, para além de ajudar na educação que cada vez se revela mais necessária para encontrar o ouro no meio de muita, mesmo muita ganga. Há ideias novas a pôr em prática. Uma delas é a instituição do depósito digital. O depósito legal é uma instituição em muitos países desde há muito tempo, que consiste em garantir a guarda para memória futura e acesso público de pelo menos uma cópia de uma publicação em papel (livros, revistas, jornais, etc.). A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, a mais antiga biblioteca pública portuguesa (em 2013 vai fazer 500 anos), é beneficiária desde há quase um século do depósito legal. Ora parece que ainda ninguém se lembrou que hoje todos os livros, revistas ou jornais que se imprimem começam por existir em forma digital, pelo que, se o que está em jogo é a preservação e o acesso aos conteúdos, faz todo o sentido iniciar um depósito electrónico generalizado, de forma a que não prejudique os direitos de autor. Não se trata apenas de fazer cópias digitais da Internet, ou de domínios dela (o que decerto é não só viável como útil), pois há muita informação, digital o não, que não está na Internet. Mas sim de criar uma nova biblioteca, uma biblioteca mundial, de onde pudessem ser feitas consultas e descargas, de uma maneira que há obviamente que regular. Os direitos de autor deveriam continuar a ser reconhecidos e os autores devidamente recompensados. O que não faz muito sentido, na minha opinião, é criar um documento digital, materializá-lo em papel e, mais tarde, se se quer um documento em forma digital, ter de o digitalizar. O depósito legal foi uma criação dos estados, naturalmente ciosos das suas línguas e das suas culturas. É por isso que hoje há grandes bibliotecas nacionais, como a do Congresso dos Estados Unidos, a maior do mundo, e não há grandes bibliotecas internacionais. Mas poderia haver um depósito digital verdadeiramente internacional, uma biblioteca mundial, que poderia chamar-se "Biblioteca de Babel". No mundo global em que vivemos, um depósito digital não pode nem deve ser apenas nacional. O projecto Gutenberg de disponibilização on-line de obras que não têm direitos de autor aponta nesse sentido. O open access, o movimento em curso no sentido de liberalizar o acesso a criações científicas (e que está na base do “Estudo Geral”), vai também nesse sentido, o de facultar a todos o máximo do saber humano, pois, como disse o astrofísico norte-americano Carl Sagan, o "destino do homem é o conhecimento". A "Biblioteca de Babel" inteiramente digital é uma utopia ao nosso alcance, pois é viável tecnologicamente, assim haja vontade política para isso. Será um projecto mais para uma organização internacional como as Nações Unidas do que para uma empresa multinacional, como a Google, mas poder-se-á pensar numa parceria entre público e privados. A ideia da "Biblioteca de Babel" não é original pois já o escritor argentino Jorge Luís Borges escreveu um conto com esse mesmo título, com a diferença de que a biblioteca borgiana era excessivamente grande: tinha tudo o que já se escreveu e se pode algum dia vir a escrever, em qualquer língua do mundo, quando eu me contentaria com tudo o que já algum dia se escreveu, de forma organizada e para ser divulgado. É difícil conceber a mudança que poderia resultar, nas nossas vidas, do facto de termos acesso a esse repositório imenso de saber e de sonho, de conhecimento e de imaginação!
Lembro que a história de Babel vem na Bíblia, no Génesis: os homens, que formavam uma comunidade de uma só língua, tentaram fazer um edifício que chegasse a Deus e este, furioso, destruiu-o dispersando a humanidade em comunidades de várias línguas. A "Biblioteca de Babel", na linha do que disse Keith Richard, é uma das formas, talvez a melhor forma, de o homem, tal como no mito bíblico, aspirar à omniciência, isto é, aspirar a uma das qualidades de Deus
Carlos Fiolhais
 

sábado, 17 de abril de 2010

FESTin - Primeiro Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa

FESTin
Primeiro Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa


de 4 a 9 de Maio de 2010, Cinema S. Jorge, Lisboa

O FESTin - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa tem como objectivo incentivar a interculturalidade, a inclusão social e o intercâmbio cultural nos países lusófonos.
Com este evento pretende-se descobrir e estimular novos valores na área cinematográfica destes países.

Informação completa: aqui


Sugestão do Prof. Paulo Mendes

sexta-feira, 16 de abril de 2010

PEÇA INSPIRADA EM ROMANCE DE MIA COUTO EM CENA NO TEATRO CINEARTE


 
A peça Vila Cacimba, inspirada no romance Venenos de Deus, Remédios do Diabo, de Mia Couto, vai estar entre hoje e domingo em cena no Teatro Cinearte, em Lisboa. Hoje e amanhã às 22h00, e no domingo às 17h00.
É num ambiente de sonho e de policial, onde o romance e a novela mexicana se fundem e confundem, que seis actores colocam em cena uma história mirabolante centrada na busca… de um remédio. Conseguirá o Doutor Sidónio erradicar a epidemia que assolou Vila Cacimba ou pretende apenas curar Bartolomeu Sozinho? Conseguirá Suacelência um medicamento que lhe anule definitivamente a transpiração ou morrerá envenenado por vingança? Conseguirá Dona Munda que lhe devolvam a filha Deolinda ou será acusada de ser feiticeira? Sonhar é uma cura ou dá um trabalhão danado? Há sempre um remédio para tudo ou a vida não tem remédio?
Informação retirada daqui







Evocação de Rosa Lobato Faria

Evocação de Rosa Lobato Faria na data em que faria 78 anos.


Participam: João Botelho, José Jorge Letria, Leonor Xavier, Manuel Alberto Valente, Mário Zambujal, Rita Blanco e Vítor de Sousa.
Moderação: Inês Pedrosa


20 de Abril
18h30
Casa Fernando Pessoa

Mais informação: aqui